NILDO CHAGAS - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na última quarta-feira (18) pelo aumento de 0,25% ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Selic), o que não acontecia desde agosto de 2022.
Dessa forma, os juros passaram de 10,50% para 10,75% ao ano, marcando a primeira alta durante o governo Lula, mas que não deverá parar por aí.
Existe uma sinalização do início de um novo ciclo de alta para conter a inflação, que já se encontra próxima ao teto da meta.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, apresenta uma tendência de alta e acumula nos últimos doze meses uma elevação de 4,24% com referência em agosto.
Vale destacar, que o centro da meta de inflação para este ano é de 3,00%, podendo variar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, possui um teto de 4,5%.
A mudança na taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para o atingimento da meta de inflação, ora subindo os juros para reduzir o consumo e conter a inflação, ora reduzindo os juros para aumentar o consumo, quando a inflação está sob controle.
UNANIMIDADE - A decisão dos nove membros do Copom foi unânime, o que foi bem vista pelo mercado, pois reafirma o compromisso inclusive dos quatro indicados pelo atual governo no combate à inflação, já que existe uma crítica constante do presidente Lula em relação ao elevado patamar dos juros no país.
Em levantamento realizado pela consultoria MoneYou, o Brasil retorna ao posto de segundo lugar no ranking de maior juro real do mundo, que é aquele calculado descontando-se a inflação.
Segundo a consultoria, em primeiro lugar encontra-se a Rússia com 9,05% ao ano, que está em guerra com a Ucrânia, seguida do Brasil com 7,33% e na terceira colocação está a Turquia com 5,47%.
Considerando-se o cenário externo, o comitê justifica a sua decisão por não ter clareza se a economia americana está em recessão e se o banco central americano (FED - Federal Reserve) iniciou um ciclo de queda dos juros com o corte de 0,50 ponto percentual na última quarta-feira.
Outra justificativa seria a falta de sincronia das economias mundo afora, pois enquanto a zona do Euro está reduzindo os juros, por outro lado, o Japão está subindo dada a pressão inflacionária, exigindo assim, maior cautela por parte de países emergentes como o Brasil.
No cenário interno, o Brasil tem apresentado um superaquecimento econômico decorrente do aumento do emprego e do apoio governamental às classes menos favorecidas através dos benefícios sociais.
O problema de uma economia mais aquecida ocorre quando não há o devido investimento no aumento da produção interna para suprir a demanda, pois a consequência é o aumento da inflação e é isso que está acontecendo no país.
Outro ponto destacado no comunicado do comitê é a preocupação com a política fiscal do governo, que tem batido recorde na arrecadação, porém, não suficiente para cobrir o déficit fiscal, que também é recorde e alcançou R$ 1,128 trilhão no acumulado de 12 meses até julho.
Para agravar ainda mais o cenário fiscal do governo, o BC encontrou uma divergência, aumentando o déficit em R$ 39,7 bilhões na apuração apresentada pelo Tesouro Nacional, o que poderá levar a uma discussão futura junto ao Tribunal de Contas da União além de criar um problema quanto à credibilidade na apuração da meta fiscal.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”, reforçou o Copom em comunicado.
No comunicado, ficou claro que um novo ciclo de alta foi iniciado, deixando em aberto a magnitude total da elevação até o seu término, porém reassumindo o compromisso da autarquia com o controle da inflação e de sua convergência à meta.
O boletim Focus do BC, que reúne as expectativas de mercado de mais de 170 entidades como bancos, corretoras, consultorias, universidades, entre outros agentes de mercado, projetou em sua última publicação uma Selic de 11,25% ao final de 2024.
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