NILDO CHAGAS - Por solicitação do senador Omar Aziz (PSD-AM), o Banco Central (BC) elaborou um estudo sobre o mercado de apostas on-line no Brasil e o perfil dos apostadores, que foi divulgado na última terça-feira (24/09).
Segundo o BC, os dados são preliminares, visto que a maior parte dos CNPJs identificados na internet como bet (do inglês: apostar) não são classificados corretamente como jogos de azar e apostas, o que dificulta uma apuração mais precisa e real do tamanho do mercado de apostas on-line no Brasil.
Em agosto, existiam 520 CNPJs classificados como jogos de azar e apostas, que movimentaram em torno de R$ 300 milhões, enquanto que um número menor de 56 e não classificados como tal, movimentaram um volume muito mais relevante de R$ 20,8 bilhões.
A título de comparação, as apostas realizadas nas loterias oficiais da Caixa Econômica Federal arrecadaram R$ 1,9 bilhão no mesmo mês, ou seja, as apostas esportivas on-line foram mais de dez vezes superiores.
Os volumes apurados ao longo deste ano apontaram uma média mensal entre R$ 18 e R$ 21 bilhões, sendo contabilizados os recebimentos apenas via Pix, ficando de fora outras formas como cartão de crédito, TED e boleto.
O estudo também identificou que 24 milhões de pessoas fizeram apostas via PIX, e que 5 milhões delas são beneficiárias do Bolsa Família e gastaram R$ 3 bilhões com as bets no mês de agosto.
Roberto Campos Neto, presidente do BC, comentou em evento realizado na terça-feira (24), que as transferências via Pix para apostas cresceram 200% desde janeiro e que a inadimplência é algo a ser considerado.
“A correlação entre pessoas que recebem Bolsa Família, pessoas de baixa renda, e o aumento das apostas tem sido bastante grande. A gente consegue mapear o que teve de Pix para essas plataformas e o crescimento de janeiro pra cá foi bastante grande. A gente pega o ticket médio e subiu mais de 200%. É uma coisa que chama atenção e a gente começa a ter a percepção de que vai ter um efeito na inadimplência na ponta”, disse Campos Neto.
Diante dos fatos, as autoridades públicas demonstram preocupação e iniciam algumas frentes para combater a epidemia das bets, que vicia parte da população.
A Polícia Federal deve determinar nesta semana a instauração de inquérito para investigar a atuação das bets e também de caça-níqueis virtuais como o Jogo do Tigrinho, a fim de investigar possíveis casos de lavagem de dinheiro entre outros crimes.
Além disso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) anunciou na última sexta-feira (27) a criação de um grupo de trabalho para analisar o uso do Bolsa Família com apostas.
Em nota, o MDS reforçou que o Bolsa Família foi criado para atender as necessidades básicas das famílias em situação de vulnerabilidade.
"A prioridade sempre será combater a fome e promover a dignidade para quem mais precisa. O foco do MDS permanece firme em garantir que o Bolsa Família continue sendo um instrumento eficaz de combate à pobreza e à insegurança alimentar.", destacou o ministério.
Relatório publicado em junho pelo Banco Santander aponta que houve uma queda na participação do varejo nos gastos das famílias de 63% em 2021 para 57% em 2023, enquanto que os gastos com as bets passaram de 0,8% em 2018 (início da regulamentação) para algo entre 1,9% e 2,7% em 2023.
As famílias estão gastando menos com alimentação e vestuário, ao mesmo tempo que estão apostando mais nas chamadas bets.
Em pouco tempo, o Brasil saiu do zero para o primeiro lugar no ranking de países com mais acessos a sites de apostas.
Foram 14 bilhões de registros em 2023, representando 22,78% do total de acessos aos sites de apostas esportivas em todo o mundo, segundo a empresa de tecnologia SimilarWeb.
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