*EM SEMANA COMPLEXA DÓLAR SOBE 2,92% E IBOVESPA CAI 1,37%*

NILDO CHAGAS - A semana foi marcada pela preocupação com a economia chinesa, divulgação da inflação de setembro e falas de Lula, construindo um cenário que favoreceu a alta do dólar e a queda do principal índice da bolsa brasileira (Ibovespa).

Na terça-feira (8), a China anunciou um pacote de medidas para estimular a sua economia de 100 bilhões de yuans (cerca de US$ 14 bilhões), que frustrou as expectativas dos investidores.

Esperava-se algo mais relevante na casa dos trilhões de yuans diante do tamanho de sua economia, que em 2023 apresentou um PIB de 126,06 trilhões de yuans (cerca de US$ 17,71 trilhões).

A segunda maior economia do mundo tem enfrentado uma crise imobiliária sem precedentes, levando à quebradeira de gigantes do segmento, além de dificuldades no aumento do consumo interno, bem como na exportação dos seus produtos em um ambiente internacional de conflitos.

EXPORTAÇÃO - O gigante asiático é o principal destino das exportações brasileiras, respondendo por 30,9% do volume total no primeiro semestre do ano.

Com a crise da economia, as mineradoras brasileiras são as mais afetadas na bolsa e a exemplo da Vale (VALE3), amarga uma desvalorização de 19,36% no ano. 

Já na quarta-feira (9), foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, e segundo o IBGE, acelerou 0,44% em setembro, influenciado pelo aumento nos preços da energia elétrica residencial de 5,36% e no grupo Alimentação e bebidas, que avançou 0,50%.

No ano, a inflação acumulada é de 3,31% e nos últimos 12 meses de 4,42%, o que acende a preocupação do Banco Central (BC) em mantê-la dentro da meta, que é de 3%, podendo variar até 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima, e portanto, possui teto de 4,5%.

Para conter a inflação, o Bacen iniciou um ciclo de alta da taxa básica dos juros (Selic) no mês passado e que poderá conduzi-la dos atuais 10,75% até 12% ao ano em março de 2025, segundo analistas de mercado.

LULA - Por fim, nesta sexta-feira (11) em entrevista à rádio O Povo, em Fortaleza, o presidente Lula falou, entre outros assuntos, sobre a isenção de imposto de IR para aqueles que ganham até R$ 5 mil por mês.

“Não é um compromisso de campanha. É um compromisso de justiça. Você não pode fazer com que as pessoas que ganhem R$ 5 mil paguem Imposto de Renda, enquanto os caras que têm ações da Petrobras recebem R$ 45 bilhões de dividendos sem pagar. Você não pode cobrar 27% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança não pagar. O que queremos é isentar as pessoas que ganham até R$ 5 mil e no futuro isentar mais”, disse Lula.

Falou também sobre a compra de aeronaves, ou seja, sinaliza continuar gastando mesmo tendo uma previsão de déficit primário da ordem de R$ 68,8 bilhões em 2024.

“Nós vamos comprar, sabe, não apenas um avião, mas nós precisamos comprar alguns aviões para que o Brasil, um país grande com 8,5 milhões de km² [...] Então nós vamos nos preparar. Eu pedi para que o ministro da Defesa me fizesse uma proposta. Nós vamos comprar um avião pro Presidente da República [...] e nós vamos comprar e vamos comprar alguns outros aviões, porque é preciso os ministros viajar.”, disse Lula em razão do problema técnico enfrentado no México.

As falas não soam muito bem para o mercado, que apenas enxerga a piora das contas públicas e dificuldade no cumprimento das metas fiscais do país por parte do governo, apesar do aumento recorde da arrecadação.

DÓLAR - Esses acontecimentos entre outros colaboraram para fecharmos a semana com uma alta da moeda americana em 2,92%, sendo cotada a R$ 5,61 e no ano o dólar sobe 15,71%.

A queda do Ibovespa acompanha a saída dos investidores, sobretudo dos estrangeiros, que buscam mercados mais consolidados como o americano, que por exemplo, está no movimento inverso, ou seja, controlando a inflação e reduzindo os juros.

Enquanto o Ibovespa fechou a semana com uma queda de 1,37% aos 129.992 pontos e acumulando perdas de 3,12% no ano, o índice americano S&P 500 bateu recorde na semana, subindo 1,11% e acumulando uma alta de 22,61% no ano.

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