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*OLINDA TEM A 1ª FAZENDA URBANA DE CANNABIS DO BRASIL*

Empresa responsável vai expandir produção em 2025

11/01/2025 05h42 Atualizada há 4 semanas
Por: Pedro Tinoco
Planta é cultivada com autorização da Anvisa, em containers climatizados, para uso medicinal. Fotos: Thiago Tenório
Planta é cultivada com autorização da Anvisa, em containers climatizados, para uso medicinal. Fotos: Thiago Tenório

Olinda, Pernambuco, é a primeira cidade do Brasil a sediar uma fazenda urbana de Cannabis sativa para fins medicinais.

A planta é cultivada em ambientes controlados pela empresa Aliança Medicinal, que anunciou a ampliação de suas instalações, no bairro da Vila Popular.

O objetivo da expansão é atender ao aumento da demanda pelo óleo medicinal extraído da Cannabis, já amplamente utilizado para cura ou controle de diversas doenças.

A edição 2024 do Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil, publicado pela Kaia Mind, revela que 672 mil pessoas fizeram tratamentos com derivados da planta no país, no ano passado.

Rafaela é diretora-médica da Aliança 

CRESCIMENTO - O número é considerado um recorde e é 56% maior do que o registrado em 2023.

O crescimento é acompanhado pela Aliança, que abre as portas para médicos interessados em informações técnicas para prescrever o medicamento que, a cada dia, é mais pedido pelos pacientes que estão mais informados e perdendo o preconceito contra a maconha, o nome popular da Cannabis sativa.

“Conheci a Cannabis quando minha mãe teve câncer e eu ainda era estudante de medicina. Passei a pesquisar a planta e entender seus benefícios, mas sofria discriminação dos próprios colegas. Hoje eles querem conhecer o processo da Aliança, que vai do cultivo à fabricação e distribuição do óleo, e suas inúmeras possibilidades para tratar doenças como o câncer, fibromialgia, reumatismo, depressão, epilepsia e até o autismo”, revela a diretora-médica da Aliança Medicinal, Rafaela Espósito.

LEGAL - Regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para cultivar a planta e produzir o óleo medicinal à base do THC (tetrahidrocanabinol) e do CBD (canabidiol), os fitocanabinoides mais conhecidos da Cannabis, a Aliança é fruto da batalha da sua presidente, Hélida Lacerda, que via seu filho Antonny sofrer até 80 convulsões por dia.

Hélida salvou a vida do filho com o uso do óleo da Cannabis 

Portador de epilepsia refratária e apraxia progressiva, aos 12 anos uma médica disse que ele teria só mais um ano de vida.

“Comecei a cultivar a planta, em casa, e a produzir o óleo para salvar meu filho. Tinha medo de ser presa, mas o medo maior era de perder Antonny”, recorda Hélida.

Hoje, nove anos depois, ele segue estável e passa meses sem crises graças ao tratamento com a cannabis. Que, embora tenha começado clandestinamente, foi autorizado pela justiça.

A partir daí Hélida passou a ensinar outras mães a cultivar e produzir o óleo medicinal e foi ganhando decisões judiciais favoráveis que contribuíram para a fundação da Aliança Medicinal, entidade sem fins lucrativos que atende nove mil associados em todo o Brasil.

JUSTIÇA - Até chegar a este número, a entidade passou por processos jurídicos que resultaram numa liminar do Tribunal Regional Federal da 5ª Região que lhe assegurou o direito de cultivar, manipular, fabricar, armazenar, transportar e dispensar o medicamento extraído da Cannabis sativa. Ou seja, toda a cadeia produtiva. 

Por não visar lucro, os produtos são vendidos a preço de custo, ficando muito mais baratos do que os importados e assegurando o acesso às pessoas que não podem arcar com valores ainda muito altos do tratamento.

Nas versões CBD, THC e misto (CBD+THC) os preços variam de acordo com a concentração do princípio ativo: R$150,00 (1,5%), R$ 260 (3%) e R$ 390,00 (6%). Existe ainda uma versão CBD com concentração de 10%, ao custo de R$ 500,00.

Hazin é o engenheiro agrônomo responsável pela produção 

PESQUISAS - Com a liminar, as pesquisas do engenheiro agrônomo e diretor executivo da Aliança Medicinal, Ricardo Hazin, para produção agrícola em contêineres climatizados encontraram mais uma motivação: produzir cannabis para atender pessoas que não tinham acesso ao óleo medicinal.

E foi assim que a associação de pacientes evoluiu entrando no segmento econômico do Terceiro Setor. 

CLONAGEM - A especialização de Ricardo Hazin na Green Flower, escola dos Estados Estados Unidos especializada no cultivo da Cannabis sativa, foi essencial para a criação do método de produção da Cannabis desenvolvido por ele na Aliança Medicinal.

Para o cultivo, foram escolhidas apenas plantas fêmeas, evitando cruzamentos que possam comprometer o padrão de qualidade da matéria-prima. 

“A reprodução é feita por clonagem, a partir de um material vegetal que fica 25 dias no ‘bercário', o primeiro contêiner, para desenvolver o sistema radicular e virar uma muda. Depois ela é transplantada para o contêiner de desenvolvimento e passa por dois estágios: crescimento vegetativo e floração, onde se desenvolvem os tricomas, pequenas glândulas que parecem gotículas e concentram os canabinoides e substâncias medicinais necessárias para a produção dos medicamentos no nosso laboratório”, explica o engenheiro agrônomo.   

CONTROLE - Para isso acontecer, os contêineres são climatizados e dotados de sistemas que controlam o fotoperíodo e intensidade luminosa, temperatura, umidade e circulação do ar, além de uma solução de nutrientes.

O resultado é a simulação do ambiente ideal para obter plantas com a qualidade exigida na produção de medicamentos.

“Já temos a patente da produção de cannabis em contêineres que se transformam num equipamento plug and play (conecte e use), que pode ser levado e operado em qualquer local”, adianta Hazin. 

SUS - A criação de um marco legal em Pernambuco com a Lei 18.757/2024, sancionada em dezembro pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), garantiu o fornecimento dos medicamentos derivados de Cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso aos tratamentos – ainda muito caros para a maioria da população.

Neste cenário, a Aliança Medicinal se prepara para ampliar seu propósito de assegurar a todos os pacientes o direito de tratar a saúde com medicamentos que, de acordo com a médica Rafaela Espósito, praticamente não possuem efeitos colaterais e não causam dependência, como muita gente imagina. 

Neste início de 2025, começaram os reinvestimentos na ampliação e reforma do galpão, e na construção de um novo laboratório.

“Em dois anos, vamos passar dos dez para 36 contêineres de cultivo e aumentar nossa capacidade de produção mensal de cerca de 2 mil frascos de óleo medicinal para 15 mil frascos, ou até mais, dependendo da demanda”, prevê Ricardo Hazin.

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3 comentários
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PatyHá 4 semanas olindaSe serve para salvar vidas. Eu concordo.
Stevison Há 4 semanas Olinda - PEPreciso do endereço da fábrica
Ricardo Há 4 semanas Olinda Existe uma planta nativa brasileira que produz canabidiol sem associação com substâncias Então, porque insistir em algo que é sinônimo de destruição de lares, e etc. Uma grande vergonha adotar um símbolo de destruição como medicamentoA trema, ela pode ampliar o uso do canabidiol,e não contém substâncias alucinógenas.
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Olinda é uma cidade colonial na costa nordeste do Brasil, estado de Pernambuco. Fundada em 1535 pelo português Duarte Coelho, foi construída em encostas íngremes e distingue-se pela arquitetura do século XVIII, com igrejas barrocas, conventos, mosteiros e casas de cores vivas. Originalmente centro da indústria da cana-de-açúcar, é agora conhecida pelo trabalho de seus artistas, com diversas galerias, oficinas e museus. Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, berço da República.
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