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ECONOMIA SITUAÇÃO CRÍTICA

*BRASIL, O MAIOR JURO REAL DO MUNDO*

O câmbio também preocupa a autoridade monetária, dada a depreciação do real

02/02/2025 00h03 Atualizada há 7 dias
Por: Nildo Chagas
Selic que era de 12,25%, passou a ser de 13,25% ao ano
Selic que era de 12,25%, passou a ser de 13,25% ao ano

NILDO CHAGAS - O Brasil voltou a liderar o ranking global de maior juro real (quando se desconta a inflação) entre as principais economias do mundo, o que não ocorria desde novembro de 2023.

Segundo a consultoria MoneYou, a taxa anualizada projetada passou para 9,18%, após a elevação promovida pelo Banco Central (BC) da taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual na última quarta-feira (29).

A Selic que era de 12,25%, passou a ser de 13,25% ao ano, mas além disso, o BC argentino, na direção contrária, cortou sua taxa de juros em 3 pontos percentuais na última quinta-feira (30).

A Argentina, que enfrenta grave crise econômica, está conseguindo combater a inflação e reduzir seus juros, que caíram de 32% para 29% ao ano.

Ainda segundo a MoneYou, o juro real dos argentinos caiu de 9,36% para 6,14%, saindo não só do primeiro lugar, como caindo para o terceiro lugar no ranking.

Dessa forma, o Brasil lidera com 9,18% ao ano, seguido da Rússia com 8,91%, da Argentina com 6,14%, do México com 5,52% e da Indonésia em quinto lugar com 5,13%.

Na quarta-feira (29), o BC publicou nota após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), reiterando suas dúvidas quanto ao ritmo de queda da inflação nos Estados Unidos com as medidas adotadas pelo novo governo Trump.

Os americanos anunciaram taxação a países como México, Canadá e China, que podem provocar um aumento de sua inflação e por ser a maior economia do mundo, tem um peso significativo na direção dos juros aqui, pois se os juros americanos não caem, a redução nos países emergentes se torna ainda mais difícil.

No cenário interno, a inflação segue resiliente e com projeções do mercado de 5,5% ao término do ano, muito acima do centro da meta de inflação de 3% e até do teto (4,5%).

O câmbio também preocupa a autoridade monetária, dada a depreciação do real frente ao dólar e a projeção de R$ 6,00 por unidade da moeda americana ao final de 2025, que também pressiona a inflação.

IMPACTOS - Mas a condução da política fiscal, ou seja, do gasto público e seu impacto na dívida merecem atenção, pois afeta o preço dos títulos do governo e provoca o aumento da Selic.

O Comitê ratificou o aumento de mais um ponto percentual na próxima reunião de março em se mantendo os cenários projetados, mas deixou em aberto a intensidade de novos aumentos nas reuniões, deixando claro que dependerá da evolução da inflação.

O presidente Lula, na última quinta-feira (30), participou de entrevista coletiva no Palácio do Planalto, cujas falas trouxeram um certo alívio ao mercado.

Embora tenha dito que não teria outra medida fiscal a ser apresentada pelo governo, deixou em aberto a possibilidade de ajustes se necessários ao longo do ano.

“Não tem outra medida fiscal. Se apresentar ao longo do ano a necessidade, podemos discutir. Mas, se depender de mim, não tem outra medida fiscal”, disse Lula na coletiva.

Com relação ao BC em aumentar os juros sob nova presidência de Gabriel Galípolo, indicado por ele, disse que não esperava milagre e que confiava na sua gestão na condução dos juros, sem dar margem a uma possível interferência política nas decisões do Copom.

“O Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer. Nós temos consciência de que é preciso ter paciência. Eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central. Tenho certeza de que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”, reafirmou Lula.

Outra referência destacada na coletiva foi quando se referiu à Petrobras e ao reajuste do diesel, dizendo que a responsabilidade por reajustes de preços de combustíveis é da estatal, e não do chefe do Executivo, demonstrando não querer intervir na companhia.

Além das falas de Lula, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou na quinta-feira (30), dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), relativos a dezembro de 2024.

O número de demissões líquidas foi de 535.547, resultado de 1.524.251 admissões e 2.059.798 desligamentos, isto é, bem acima do que previsto por economistas em pesquisa realizada pela agência Reuters, que apontavam uma perda de 402.500 postos de trabalho.

INFLAÇÃO - Dados mais fracos do emprego podem apontar um princípio de desaquecimento da economia, que somados aos demais pontos levantados favorecem a um arrefecimento da inflação e consequentemente dos juros.

O mês de janeiro mesmo com a alta da Selic encerrou com o principal índice da bolsa brasileira (Ibovespa) subindo 4,87% e fechando no azul, algo que não ocorria desde agosto do ano passado e o dólar com queda de 5,5%, sendo cotado a R$ 5,8532, o menor valor desde 26 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,8096.

Há uma luz no fim do túnel para que o Brasil deixe de ser o líder no ranking de maior juro real do mundo, e que isso ocorra devido à queda da inflação e à melhoria da política fiscal, em vez de ser consequência de uma recessão econômica.

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Blog semanal com orientações sobre investimentos e como proteger seu dinheiro assinado por Nildo Chagas, formado em Administração (UPE) com MBA em Finanças Corporativas (UFPE). Atualmente é gerente do Banco Sicoob – Agência Olinda.
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